Examinando as Escrituras
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Amor com entendimento

Placa neon dizendo LOVE

E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção. (Filipenses 1:9)

não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis do pleno conhecimento da sua vontade. (Colossenses 1:9)

Nesse estudo, quero compartilhar um princípio que podemos aprender na carta de Paulo aos Colossenses, sobre o perigo de amar sem entendimento.

Nenhuma epístola do novo testamento foi escrita como apenas uma obra de literatura, como um livro ou uma apostila. Todas elas foram escritas por necessidades práticas, de igrejas reais que existiam naquela época. E a epístola de Paulo aos Colossenses não é diferente.

Aquela igreja tinha um lugar especial no coração de Paulo, porque, Embora ele nunca tivesse visitado aquela cidade pessoalmente, ela era fruto do trabalho de um discípulo querido, chamado Epafras, que reportava sempre para ele a situação da igreja.

Entretanto, um dia chegou até Paulo a triste notícia de que enganos e heresias tinham entrado naquela igreja pela qual ele tanto batalhava em oração.

Aqueles irmãos começaram a acreditar em mentiras, como a de que para servir a Deus não poderiam tocar em alguns objetos, nem comer alguns tipos de alimentos. Deveriam observar alguns dias da semana e até observar a lua.

A liderança começou a adorar os anjos, e basear suas decisões em visões e alucinações com mensagens completamente contrárias ao evangelho. A própria liderança que deveria ser referência começou a ensinar que os verdadeiros cristão eram os que seguiam essa “nova doutrina”. Você imagina ser parte de uma igreja assim?

Para ver o quadro completo, leia o capítulo 2, versículos de 16 a 23.

##A origem da confusão

Mas onde começou esse problema? Se você conhece um pouco de geografia bíblica, sabe que a cidade de Colossos ficava perto de Laodicéia, em um lugar chamado Vale do Lico, ao sudeste da Asia Menor.

De um lado dessa região, existia a Mesopotâmia, muito famosa pelos seus rios e pela produção de alimentos e especiarias. De outro, estava a Ásia, com alguns dos maiores portos daquela época. De um lado, a produção, de outro, a exportação.

Mas a Mesopotâmia e a Ásia tinham outra coisa em comum além da importância econômica: eram grande centros de idolatria. A Mesopotâmia é a mesma região da Babilônia, que adorava mais de 50 deuses diferentes. A Ásia, por outro lado, era muito influenciada pela idolatria greco-romana.

Se você quisesse fazer uma viagem entre os mais de 1000km que separam essas duas regiões, teria que parar algumas vezes no caminho e Colossos era uma cidade conhecida por hospedar viajantes.

A igreja naquela cidade era nova e pequena, mas Paulo, na abertura da sua carta fala duas vezes sobre o amor daqueles irmãos. Eles amavam não apenas uns aos outros, mas amavam os perdidos. Sem dúvida eles tinham o desejo de influenciar todos os estrangeiros que passavam por lá.

o amor que tendes para com todos os santos. (Colossenses 1:4)

o vosso amor no Espírito. (Colossenses 1:8)

Essa comunidade era conhecida pelo amor.

Mas algo começou a acontecer e esse é um risco que a igreja sempre correu: Em nome do amor, passaram a abrir mão de princípios do evangelho.

Com certeza eles tinham boas intenções. Muito provavelmente o desejo de não ferir ou afastar alguém sendo “santo demais”. Assim, a igreja começou, aos poucos, a ter medo de que os valores do evangelho fossem ofensivos. Posso imaginar um irmão daquela comunidade dizendo: “cada um pode adorar a Deus do seu jeito”.

Tudo em nome do amor. Tudo em nome da tolerância.

Mas, aos poucos, o amor que tinham e praticavam se tornou em uma armadilha: todas as práticas e valores pagãos que aqueles estrangeiros traziam consigo, começaram a ser incorporados na vida da igreja sem nunca serem questionados.

Alguém pode se perguntar: como pode o amor pelos perdidos se tornar uma armadilha para a Igreja? A resposta é muito simples: o problema não é o amor, mas a prática do amor sem entendimento.

Amar sem entendimento é como resgatar uma pessoa ferida, tomá-la nos braços e, sem conhecimento algum de medicina, administrar o remédio errado. Fazer isso não resolve o problema e pode causar um estrago ainda maior.

Amar sem entendimento é como um cego guiando outro cego. Essa atitude pode estar cheia de boas intenções, mas ambos estão em perigo.

Se você amar os perdidos sem conhecer e sem aplicar o evangelho na prática, você acabará trazendo morte para eles e para si mesmo, e esse se tornou o problema da Igreja em Colossos. A igreja abraçou o mundo, e começou a ser influenciada por ele.

##A solução

Mas mesmo diante de um problema extremamente complexo como a heresia que penetrou na vida daquela igreja, Paulo nos mostra que, em Cristo, a solução é simples.

Como disse Stephen Kaung, a solução para qualquer Heresia, é uma boa Cristologia. Paulo nos apresenta a Cristo em Colossenses.

Desde a criação, passando pela nova criação, até o fim dos tempos. Cristo como a resposta para os problemas da vida e Cristo como a fonte do amor ao próximo. Ele é a única autoridade sobre a igreja. Ele é a imagem de Deus. Conhecê-lo deve mudar a nossa forma de viver, de adorar e de nos organizarmos como igreja.

Paulo nos ensina que conhecer a Cristo é também a chave para amar o próximo: devemos amar como Cristo nos amou.

O amor de Cristo é o amor de alguém que nos ama como somos, mas nos desafia a não ficarmos do jeito que estamos. Jesus andou com os piores pecadores e os amou até o fim, mas deu o exemplo e ensinou dizendo: “se alguém me ama, guardará minhas palavras”. Apenas em João 14 ele usou essa expressão três vezes.

Jesus andou com os piores pecadores e os chamou de amigos, mas ele disse: “vocês são meus amigos, se fizerem o que eu mando”.

Jesus disse para uma mulher adúltera: “eu não te condeno”. Mas para a mesma mulher, ele disse: “vai e não peques mais”.

É claro que nós não temos poder em nós mesmos para fazer tudo que Jesus mandou. Entretanto, quando cremos, o Espírito nos dá esse poder. Cristo nos ama gratuitamente, mas nos desafia a mudarmos integralmente.

Deus nunca baixou o seu padrão para nos receber, mas eles nos amou de tal maneira que deu seu único filho para nos perdoar completamente pela fé e nos oferecer o poder de vivermos segundo o seu padrão elevado.

É por essa razão que a oração de Paulo no primeiro capítulo de Colossenses é para que eles conhecessem a Deus, e à vontade de Deus que ele revelou em Cristo. É assim, conhecendo e praticando, o amor daquela igreja seria completo.

não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis do pleno conhecimento da sua vontade. (Colossenses 1:9)

Crescendo no pleno conhecimento de Deus (Colossenses 1:10)

É inegável que o amor deve ser uma característica marcante de qualquer comunidade cristã. O desejo de Paulo em Filipenses é que o amor deles aumente mais e mais. Essa é uma necessidade. Mas esse amor deve crescer junto com o entendimento e a sabedoria. No caso de Colossenses, eles já tinha um amor provado na prática, mas faltava algo:

Portai-vos com sabedoria para com os que são de fora; aproveitai as oportunidades. A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um. (Colossenses 4:5-6)

Nosso desafio

Hoje, talvez mais do que nunca, temos o mesmo desafio da igreja Colossense: Amar com entendimento e com sabedoria. À medida que vemos um movimento de mundanização da igreja, percebemos que existe também uma urgência, cada vez maior, em conhecermos a verdade eterna, que é o verdadeiro remédio que o mundo e a própria igreja necessita.

Você quer causar um impacto na sua geração? Conheça a Cristo. Leia a Bíblia e ore pedindo por revelação. Permaneça nele, e então ame os perdidos como Ele amou: falando e praticando a verdade.

Em 1 Coríntios 13, um texto universalmente conhecido como uma das mais excelentes definições do amor, descobrimos que “o amor […] alegra-se com a verdade”. Quem ama o próximo deve estar firme na verdade, mesmo que ela seja ofensiva. A santidade de Jesus era perfeita e a sua verdade era inegociável. No evangelho de João, ele se apresenta como a verdade. Ele é a verdadeira luz, o verdadeiro pão, a videira verdadeira, a verdadeira comida e a verdadeira bebida, o verdadeiro Salvador.

E foi justamente a verdade de Jesus que atraiu multidões, impactadas por verem nele uma alternativa à mentira de suas próprias vidas.

Quando o mundo olhou para Jesus, viu uma realidade desconhecida, uma vida diferente e isso atraiu os atraiu. Quão diferente é a sua vida? Quão firme é a verdade em que você crê?

Me lembro que, por muito tempo, eu também estive perdido. Aqueles que me amaram profundamente não foram os que concordaram comigo, nem os que participavam comigo na minha perdição.

Muitos tinham a verdade e não me deram. Mas alguns me amaram o suficiente para me confrontar com a verdade. Eles me amaram o suficiente para me dar o remédio que me curou.

Desejo que você decida amar o próximo nesse dia, talvez como você nunca antes, e que o mundo seja impactado por uma igreja que ama como Jesus.

Por: Filipe Merker


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