Examinando as Escrituras
| Estudos Bíblicos

O que a Bíblia diz sobre jejum?

Alimentos para abster-se no jejum

Tu, porém, quando jejuares, unge a cabeça e lava o rosto, com o fim de não parecer aos homens que jejuas, e sim ao teu Pai, em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.” Mt 6:17-18

O jejum é uma ação poderosa, mas que é muito mal compreendida. Portanto, se você quer aprender mais sobre essa poderosa prática, separe alguns minutos e leia esse estudo.

Podemos começar dizendo que jejuar é uma disciplina espiritual, assim como oração, leitura bíblica, caridade, adoração e outras práticas comuns aos discípulos de Jesus.

Na teologia, chamamos de “disciplinas espirituais” as obras que, embora não sejam capazes de nos salvar, são tipicamente reconhecidas como uma evidência de que fomos alcançados pela maravilhosa graça salvadora de Deus.

Parafraseando Paulo em Efésios 2:10, não somos salvos por obras, mas somos salvos para obras.

Portanto, vamos estudar juntos essa linda prática e aprender o que Deus tem para nos dizer sobre ela.

Jejum na Bíblia

Se por um lado, jejum é uma disciplina espiritual como oração, leitura bíblica ou caridade, por outro lado, ele é diferente e especial.

Jejum é especial porque, diferente da oração ou leitura bíblica, Deus nunca, em nenhum lugar, nos ordena a prática do jejum como mandamento.

Sim, isso pode parecer chocante e até desencorajador. Mas o que acontece é que Deus não quer que o jejum seja apenas feito por obediência. Seu desejo é que esta prática surja a partir de um coração sincero e quebrantado.

É por isso que os maiores homens e mulheres de Deus na Bíblia jejuaram. Porque eles entenderam o coração de Deus em relação a esse assunto.

Jejum no Antigo Testamento

Não há na Lei de Deus do Antigo Testamento nenhuma ordenança ao jejum, exceto uma vez por ano, no Dia da Expiação.

Sim, certamente há certos momentos em que Deus conclama Israel para jejuar em arrependimento:

Ainda assim, agora mesmo, diz o Senhor: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, com choro e com pranto. Joel 2:12

Entretanto, essas são convocações de Deus frente a situações específicas, nunca como uma regra geral.

No entanto, não pense por isso que Deus se desagrada dessa prática. Querido leitor, é importante sabermos que Deus não ordena o jejum, porque justamente isso o torna ainda mais belo e precioso. Deus não ordenou o jejum, mas seus servos mais amados jejuaram voluntariamente, por amor:

  • Moisés jejuou por 40 dias e 40 noites pelo pecado de Israel (Dt 9:9)
  • Davi jejuou e lamentou a morte de Saul (2 Sm 1:12)
  • Davi jejuou e lamentou a morte de Abner (2 Sm 3:35)
  • Davi jejuou e lamentou a morte de seu filho (2 Sm 12:16)
  • Elias jejuou 40 dias depois de fugir de Jezabel (1 Rs 19:7-18)
  • Acabe jejuou e se humilhou diante de Deus (1 Rs 21:27-29)
  • Daniel jejuou pelo pecado de Judá quando leu a profecia de Jeremias (Dn 9:1-19)
  • Daniel jejuou a respeito de uma visão misteriosa de Deus (Dn 10:3-13)
  • Ester jejuou em favor de seu povo (Es 4:13-16)
  • Esdras jejuou e chorou pelos pecados do remanescente de Israel (Ed 10:6-17)
  • Neemias jejuou e lamentou sobre os muros quebrados de Jerusalém (Nm 1: 4-2:10)
  • Josafá, rei de Judá, apregoou jejum por causa dos pecados da nação (2 Cr 20:3)

Jejum no Novo Testamento

Da mesma forma que o Jejum não é ordenado no Antigo Testamento, também no Novo Testamento isso não acontece. Jejum, embora seja uma linda disciplina espiritual, não é um mandamento.

Entretanto, ao mesmo tempo que não é ordenado, Jesus sugere claramente que jejuar faz parte da vida de um discípulo:

Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo; e, nesse tempo, jejuarão. (Marcos 2:20)

Tu, porém, quando jejuares, unge a cabeça e lava o rosto (Mateus 6:17)

Jesus não trata o jejum como opção, mas como certeza: “quando jejuares”, “nesse tempo, jejuarão”.

Mesmo que não haja uma ordem clara, também o Novo Testamento é profundamente marcado pelo lindo exemplo de heróis da fé que jejuaram:

  • Ana jejuou pela redenção de Jerusalém através do Messias (Lc 2:37)
  • Os discípulos de João Batista jejuaram (Mt 9:14-15)
  • Os anciãos em Antioquia jejuaram antes de enviar Paulo e Barnabé (At 13:1-5)
  • Cornélio jejuava e Deus ouviu suas orações (At 10:30)
  • Paulo jejuou três dias após seu encontro na estrada de Damasco (At 9:9)
  • Paulo jejuou 14 dias enquanto estava no mar em um navio que estava afundando (At 27:33-34)

Todos esses exemplos nos inspiram. Somam-se a eles grandes homens de Deus na história da igreja, como os contemporâneos Jonathan Edwards e John Wesley que são descritos pelos livros como sendo muito magros pelo tanto jejuar. Herois da fé no campo missionário como David Brainerd e Hudsson Tailor e gigantes espirituais como George Müller, Lutero e John Knox. Todos conhecidos por seus longos jejuns.

Mas estes, ainda que importantes, são apenas uma tímida sombra do nosso maior exemplo e modelo supremo, Jesus, que iniciou seu ministério público poderosamente ao jejuar por 40 dias e 40 noites.

Não apenas isso, mas fica evidente ao longo de seu ministério que Jesus jejuava constantemente, porque tinha uma outra comida que o sustentava:

Mas ele lhes disse: Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis. […] A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra.

João 4:32-34

Como jejuar segundo a Bíblia?

Existem alguns princípios Bíblicos que podem nos ajudar a desfazer a confusão que muitas vezes existe em torno desse tema.

Alguns dizem que jejum é apenas abster-se de algo que nos afaste de Deus. Entretanto, o padrão das escrituras não é exatamente assim.

Embora possamos chamar de jejum a abstenção de qualquer coisa para a glória de Deus, a prática bíblica está quase totalmente associada aos alimentos. Jejum, na Bíblia, significa deixar de comer por um período de tempo, de forma intencional e com propósito. (Daniel 10:3, 2 Samuel 12:15-17)

Por outro lado, apenas deixar de comer não necessariamente constitui o jejum que agrada ao Senhor. Em Isaías e Zacarias vemos que o verdadeiro jejum apenas pode ser feito um coração sincero e quebrantado com um clamor a Deus. Israel jejuava mas o seu coração estava longe de Deus. (Isaías 58:3-7, Zacarias 7:1-5)

O que fazer durante um jejum?

Precisamos entender que, embora o jejum possa ser feito a qualquer momento, o exemplo bíblico e histórico que temos é de homens e mulheres que jejuaram com intencionalidade e propósito, frequentemente associado a busca por Deus, e arrapendimento.

Afligi-vos, lamentai e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria, em tristeza. (Tg 4:9)

O jejum, portanto, deve ter foco. Se possível devemos evitar as muitas atividades e distrações deste mundo enquanto jejuamos. A Bíblia nos apresenta e encoraja com exemplos de coisas que podemos fazer ao jejuar:

  • Orar. Jesus ensinou que jejum e oração são uma combinação poderosa.
  • Interceder por outros. Esse tipo de oração, em específico, está frequentemente associada ao jejum.
  • Meditar. O jejum nos aguça a sensibilidade espiritual e nos ajudará a entender as Escrituras.
  • Tomar decisões. O jejum é um lugar de sensibilidade que, embora enfraqueça o raciocínio, fortalece o espírito e pode nois deixar mais propícios a escolher segundo a vontade de Deus.

Quais os benefícios do jejum?

Naturalmente falando, embora existam muitos benefícios positivos do jejum na área da saúde, não é isso que buscamos ao jejuar para Deus. Embora jejum seja deixar de comer, apenas deixar de comer não é necessariamente jejum.

Muitos, hoje em dia, fazem dietas que exigem abstenção de alimentos, buscando benefícios estéticos. Mas o jejum segundo a bíblia tem o seu foco nas coisas de Deus e os seus benefícios são espirituais:

  • É uma forma de demonstrarmos arrependimento e angústia de espírito
  • É uma forma de ensinarmos o nosso corpo que ele não está no controle
  • Aumento da sensibilidade espiritual
  • Aumento do poder espiritual
  • Desenvolvimento de nossa dependência de Deus
  • Livramento de tentações. Quando somos tentados, o jejum é uma forte arma na luta contra o inimigo.

Todos esses benefícios podem ser observados nos exemplos bíblicos citados acima. Jesus claramente afirma:

Respondeu-lhes: Esta casta não pode sair senão por meio de oração e jejum. (Mc 9:29)

Ou seja, há certos obstáculos em nossa vida espiritual que apenas serão removidos se forem enfrentados com as armas certas: oração e jejum.

Portanto, jejue!

Não deixe que esse seja apenas um conhecimento teórico. No Sermão do Monte, onde Jesus ensina a jejuar, Ele também ensina que aquele que ouve as suas palavras e as pratica, é semelhante a um homem que edificou a sua casa sobre a Rocha.

Se você puder jejuar uma vez por semana, faça! Se você tem problemas de saúde, é bom conversar com um médico antes de jejuar por períodos mais extensos, mas nada te impede de oferecer o seu máximo a Deus, mesmo que seja pouco aos seus olhos.

Se estiver passando por lutas e tribulações, apresente-se a Deus com jejum e oração.

Se estiver arrependido, lance sua alma no pó, mostrando seu arrependimento a Deus em jejum. Não por mandamentos ou ordenanças, mas de boa vontade quebrante o seu coração diante de Deus.

Ele te ouvirá.

Por: Filipe Merker


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